Relação entre o texto de Vergílio
Ferreira, Pensar e a Alegoria da caverna de Platão.
O filósofo, na sociedade
ocidental, ontem e hoje, tem sido visto por muitos como um gasto desnecessário
de recursos. Os homens e mulheres que vivem a rotina mundana e se limitam a
viver e a pensar somente no que lhes chega através dos sentidos não vêm qual é
o valor de nos interrogarmos com aquilo que não tem benefício imediato, e,
portanto, rejeitam e acham inútil o filósofo e o pensamento filosófico.
Esta situação está patente tanto
na Alegoria da Caverna, de Platão, como no excerto de Pensar de Vergílio
Ferreira. No primeiro texto, o prisioneiro que foi libertado das suas correntes
e conduzido até ao mundo inteligível (onde se apercebeu que o que percecionava
dentro da caverna- as sombras na parede e o som que parecia deles provir, eram
ilusões), ao tentar libertar os seus companheiros para lhes mostrar o que tinha
descoberto encontrou contra si uma enorme resistência. Os restantes
prisioneiros pensavam que ele tinha enlouquecido; a viagem para fora da caverna
tinha-o tornado demente e resistiam às suas tentativas de libertação. Como
poderia ser que existisse mais alguma coisa que fosse mais verdadeira que o que
tinham visto toda a sua vida?
No segundo texto, o excerto da
obra de Vergílio Ferreira, expõe-se, do ponto de vista de um “indivíduo
prático” que não se interroga sobre nada, de forma autónoma e radical, que seja
do interesse de todos os homens, o que mais uma vez sugere a inutilidade da
filosofia e do filósofo na sociedade.
Vendo o mundo desta forma, o
autor, ironicamente, descreve o filósofo ou intelectual, como um chato
complicado e maçador, um “cromo” com a convicção de que diz a verdade, que se
respeita hoje apenas por questão de etiqueta. É um picuinhas.
Em vez de nos questionarmos com o
que não tem resposta, porque não ver televisão ou ler um policial? Admite,
contudo, no final do texto, que quando se dá baixa dos filósofos numa sociedade
é a Humanidade como um todo que desce para o nível de uma “pocilga apenas com
uma variedade de feitio”.
Em ambos os textos, a maioria das
pessoas, em representação da sociedade, tendem a dar pouco relevo ao saber e
função do filósofo. Caracterizam-no como alguém com ideias inúteis, ou que
enlouqueceu. Menosprezam-no, e, por isso, prejudicam-se, quer por permanecerem
numa “caverna” até ao fim da vida, sem nunca conhecerem o belo mundo do espírito,
quer por descerem ao nível de homens enclausurados.
José
Trindade Nunes dos Santos, nº 12, 10º C1
Imagem - Copyright: Alessandro Cocca
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