quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A representação do belo - Os textos (7)

Beleza das formas geométricas
Platão (séculos V - IV a.C.) 
Timeu, 55e-56c
Mas, deixando isto de parte, distribuamos os géneros que obtivermos com o raciocínio, em fogo, terra, água e ar.
E à terra damos a forma cúbica.
De facto, dos quatro géneros é o mais móvel e o mais plasmável dos corpos. E, sobretudo, é necessário que seja tal o que tem as bases mais sólidas. Dos triângulos que pusemos no início, a base dos que têm lados iguais sobre as bases é por sua natureza mais sólida do que a daqueles que têm lados desiguais.
E das superfícies compostas de um e de outro triângulo, o tetrágono equilátero e´, necessariamente, mais estável do que o triângulo equilátero tanto em relação às partes como ao conjunto.
Por isso, atribuindo isto à terra, salvamos o raciocínio verosímil. à água daremos a forma que, das remanescentes, for a mais difícil de se mover: ao fogo, a mais móvel e ao ar, a do meio. [...]
Depois, é preciso que todas estas formas sejam concebidas de tal modo pequenas que, pela sua pequenez, cada parte individual de cada género não seja, de modo nenhum, visível para nós, ao passo que, quando se reúnem todas, se vêem as suas massas. E no que concerne às proporções que se referem à quantidade e aos movimentos e a todas as outras potências, deve-se dizer que Deus as harmonizou - na medida em que, por actividade espontânea ou persuasão recebida, a natureza da necessidade se submeteu - , depois de as ter levado à sua realização em toda a parte com exactidão segundo relações numéricas.

Imagem: Peça de arte grega, denominado Cálice Ático do tipo de cerâmica negra com figuras vermelhas. É atribuído a Édipo; século V a.C., Museu do Vaticano.
Fonte: Umberto Eco. (2004). História da Beleza. Lx: Difel.

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