terça-feira, 25 de outubro de 2016

A representação do belo - Grécia (7)


O belo na representação da arte, a fruição estética da criação!

A escultura grega procura a representação de formas humanas em que um pequeno fragmento de movimento ou uma seção de uma ação encontra um equilíbrio. Os seus valores criativos residem na simplicidade expressiva, mais do que nos pormenores.

O Laoconte do período helenístico é uma exceção que não caracteriza o essencial da escultura grega e do seu ideal de belo.

"Como a profundidade do mar que permanece sempre imóvel, por mais agitada que esteja a sua superfície, a expressão das figuras gregas, embora agitadas por paixões, mostra sempre uma alma grande e repousada.



 Não obstante os sofrimentos mais atrozes, esta alma transparece no rosto de Laocconte e não só no rosto. A dor que mostra em cada músculo e em cada tendão do corpo – e que, só de olhar para o ventre convulsamente contraído, sem nos preocuparmos com o rosto nem com outras partes, quase acreditamos que nós próprios sentimos – não se exprime, de modo nenhum com sinais de raiva no rosto e na atitude. 

O Lacoonte não grita horrivelmente como no canto de Vergílio, pois o modo como tem a boca aberta não lho permite; antes lhe pode sair um suspiro angustiado e oprimido como descreve Sadoleto. A dor do corpo e a grandeza da alma estão distribuídas por todo o corpo e parecem manter-se em equilíbrio. Laocoonte sofre, mas sofre como o Filoctetes de Sófocles: o seu padecer toca-nos o coração, e nós desejaríamos poder suportar a dor como este homem sublime a suporta."

#Obelocomorepresentação

Johann Joachim Winckelmann, Monumentos antigos inéditos, I, 1767
Imagem: Laocconte – Roma – Museus Vaticanos;A autoria da obra é atribuída a Agesandro, Atenodoro e Polidoro, três escultores da ilha de Rodes. A escultura foi apenas descoberta no século XVI.

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