sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A representação do belo - Grécia (5)

O belo na representação da arte, a fruição estética da criação!

A beleza é uma ideia, uma abordagem de valores e uma representação. Não se pode falar dela sem falar nos seus instrumentos, os artistas. A ideia de belo define-se melhor com a aproximação do século V a.C., pois a ascensão económica e cultural de Atenas permite-lhe ter uma noção mais clara do seu sentido estético. A vitória sobre os Persas no tempo de Péricles permite desenvolver de modo significativo as Artes, e em destaque a pintura e a escultura.

A reconstrução da cidade, dos seus templos era também uma forma de revelar um orgulho do poder ateniense e permitiu dar um incentivo ao trabalho dos artistas.
A civilização grega tem em si outras razões para essa explosão artística. A técnica das artes figurativas gregas é de enorme alcance. A arte grega superou em muitos aspectos a arte da Terra dos Faraós. A arte grega faz uma aproximação entre a sua representação e a vida dos gregos. Tal não acontecia no Egipto dominado por uma arte virada para a abstração e organizada de uma forma muito disciplinada. A arte grega é dominada pela ideia de subjectividade. Não existe na representação pictórica grega a exactidão das formas observadas. A escultura procura a expressão de um belo que se observe nos corpos representados. Os grandes nomes da escultura grega (Fídias, Míron e Praxíteles) procuram realizar um equilíbrio entre uma representação que seja realista, nas formas humanas e o respeito por um cânone (kánon) específico.

A escultura grega não constrói uma abstração, uma idealização de belo, mas apenas tenta encontrar o que pode ser classificado como uma Beleza ideal. A escultura grega tenta uma síntese em corpos vivos, onde o belo conjuga uma ideia de corpo e alma. A Beleza na Grécia Clássica aspira a representar o esplendor do corpo numa estrutura que projecte igualmente a bondade, os valores do espírito. Esse ideal, conhecido com o nome de Kalokagathía teve a sua expressão maior nos versos de Safo e nas esculturas de Praxíteles.

A escultura grega não busca os pormenores da representação, nem representa com grande preocupação objectos inorgânicos. Ela revela com grande preocupação sua uma representação de formas humanas. Nestas, um pequeno fragmento de movimento ou uma seção de uma ação encontra um equilíbrio e por isso a sua essencialidade. Esta reside na simplicidade expressiva, mais do que nos pormenores. O Laoconte do período helenístico será uma das exceções a este quadro e ao seu ideal de belo.

#Obelocomorepresentação

Imagem: Fídias, Métopa do Pártenon, 447-432 a.C. Londres, Museu Britânico

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