quinta-feira, 9 de junho de 2016

A vida e a morte

Um problema que assombra a nossa sociedade, desde os seus primórdios até hoje, é o problema da morte. O ser humano por muito que tente desvendar este mistério ainda não encontrou respostas satisfatórias sobre este assunto. 
Morte.. o que é morrer? tantas vezes nos questionámos sobre o que é morrer, mas também temos de nos interrogar sobre o que é viver?! Será que totalmente vivos, será que não estamos num lado latente entre a vida e a morte?! Será que quando morremos é que começamos a viver? Aqui temos várias questões para as quais não temos uma resposta cabal.

     A única certeza que me parece indubitável é que a morte traz consigo liberdade. Se para algumas pessoas este é um tema difícil, oculto, mórbido até tal deve-se a uma falta de compreensão do sentido da nossa existência.
Devido às novas tecnologias que permitem prolongar a vida artificialmente deixámos de pensar na linha que traça o limite entre a vida e a morte. Para além das doenças terminais e os cuidados paliativos todos nós já ouvimos falar de situações-limite que envolvem não só o corpo físico, mas a tão desejada qualidade de vida. Quando a sociedade atinge patamares de longevidade como a actual que se aproxima em alguns casos, dos cem anos colocam-se questões sobre o estatuto que ganha "ser idoso" ou "ter direito a decidir da sua morte". 

     É aqui que ganha sentido a discussão em torno da eutanásia, quer como liberdade de escolha, quer como limite para além do qual a pessoa perde a sua autonomia como humano. Noutros casos a eutanásia é encarada como o último recurso em certas doenças irreversíveis que causam dor e sofrimento não se perspetivando uma cura. 

    Temos ainda enraízado na nossa cultura o ponto de vista religioso e tradicional de que a vida é um dom e que em nenhum caso temos o direito de dispor dela. Muitos filósofos defenderam esta posição, entre os quais Kant, como sabemos e ainda hoje temos pensadores que defendem estas ideias. No entanto, pelas razões expostas acima, o debate sobre a eutanásia ganha cada vez mais significado. Num caso que me é próximo fiquei a saber de um jovem que caiu de um andaime e ficou tetraplégico. Poderíamos pensar que é um caso difícil e que a vida parece insustentável. Apesar das dificuldades extremas ele decidiu que queria continuar a viver porque era contra a morte assistida. 

  Muitas vezes temos a tentação de emitir opiniões fáceis e julgar sem pensar que há muitas pessoas que estão dispostas a enfrentar uma vida difícil não indo pelo caminho aparentemente mais fácil. É por isso que a questão da eutanásia é tão difícil de ser encarada como uma justificação racional para por termo à vida. Pode uma pessoa ou uma instituição assumir as responsabilidade material e moral pela concretização da eutanásia? Estaremos conscientes sociais, afectivas, familiares e geracionais que este problema coloca?

    A vida e a morte são dois elementos ainda com zonas de sombra que nos mantêm no grande mistério da existência

Débora Santos, 11º C2, Nº6
Imagem: Copyright: Paulo Medeiros

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