domingo, 19 de junho de 2016

Frankstein ou o Moderno Prometeu

"Nada é mais penoso ao espírito humano, depois de os sentimentos se consumirem numa sucessão de acontecimentos, do que a calma morta da inacção e de certeza que se seguem e privam a alma da esperança e do medo."

A história é mais ou menos conhecida. Viktor Frankenstein, discípulo de alquimistas quer dar vida a alguém que já não vive. Procura partes de pessoas mortas e tenta montar um novo corpo, construir uma vida. O ser que cria tem um aspecto de um monstro e assim Frankstein foge dele. Todavia, o monstro procura as pessoas, demonstra-lhe sentimentos, mas o seu aspecto afasta todos, inspira-lhes terror. O monstro fica condenado a uma solidão profunda e assim procura o seu criador, para que lhe possa dispensar uma companhia. A recusa do médico cria no monstro um desejo de vingança, acabando por matar a esposa do médico, Elisabeth. Viktor Frankstein acaba por perseguir o monstro e termina os seus dias nos Árctico.

O conhecido Lord Byron nos encontros que tinha com outros poetas, como Shelley lançou um dia um desafio de alguns dos elementos presentes nesses saraus culturais da Inglaterra de oitocentos de criarem histórias de terror como forma de surpreenderem o seu próprio modo de ver o mundo. Mary Shelley , uma jovem de dezoito anos e de vida atribulada criou uma história já com duzentos anos e que se tornaria um clássico da literatura. 

Livro que o cinema adaptaria, embora com grandes alterações em relação ao original. Essa adaptação empobreceu a mensagem do livro e deturpou-a, ao ponto de confundir o criador e o monstro, aparecendo a ideia de que Frankstein seria o monstro e não o que tentou desafiar a natureza e Deus. O livro assenta numa ideia que é um mito clássico, o de Prometeu, que sendo um ser mortal consegue pelo roubo aos deuses do fogo, aqui simbolizando o conhecimento criar a vida, embora venha a ser penalizado por isso. Falemos num post seguinte sobre esse mito que nos conduz ainda hoje, pelos domínios da bioética. 

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