Falámos por aqui durante um ano letivo sobre Direitos Humanos, Liberdade, Política, Pensamento trazendo autores tão antigos como os Gregos ou a civilização da Mesopotâmia e os mais perto de nós, os filósofos que pensaram o sentido humano e as formas de sociedade que se foram construindo. Como ponto final neste ano letivo 15/16 talvez pensar que valor tem o tempo, a cronologia para a compreensão do que somos, do que podemos ser, do que desejamos construir. Numa palavra como ser feliz num mundo em profunda mudança. O conto clássico da História da China no post anterior disse-nos que não há novidades, nem mudanças capazes de alterar aquilo que é a ética, as bases da sua discussão na nossa vida.
O homem continua a ter a dimensão que sempre teve, num registo individual, social e de espécie. Evoluímos de tempos em que o elemento social era determinante para outros que contemplaram mais a vertente individual. A individualização das sociedades abriu caminho a ideias democráticas. O nosso tempo e o que há-de nascer certamente construirá acima dessa realidade, outra mais importante, a da consciência da nossa pertença a uma casa comum, a humanidade. A convicção trazida de outros séculos que nada do que é humano nos pode, nos deve ser estranho. Ou seja combater a indiferença e aceitar o compromisso com o outro.
É fácil amar a Humanidade. É uma das abstracções mais edificantes que se podem ter. Podemos estar rodeados de gente e não ver pessoas, humanas formas de pensar e sentir. Pessoas diferentes, de outras culturas, de outras línguas, de outros costumes. Pessoas que não espelhos de nós e que ainda assim devemos saber compreender. Fernando Savater define essa necessária cumplicidade com a ideia de hospitalidade. A hospitalidade que todos precisamos, pois todos somos viajantes num Planeta.
Talvez a humanidade que queremos cumprir seja viver com os outros de um modo hospitaleiro. Pois como os gregos pensavam nascer é chegar a um país estrangeiro e assim todos nascemos, todos precisamos de ser recebidos. E a Ética que por aqui se tentou desenvolver seja isso, apenas uma humilde hospitalidade. Ela dará a nós e aos mais jovens que são o futuro o acesso responsável e cuidador de um espaço vivo, chamado Terra. E quanto ao resto, uma nota pessoal, que desacredita os milagres de cada tempo, pois as novidades de cada século nunca salvaram ninguém. Apenas nós, uns com os outros, com hospitalidade e cumplicidade podem construir qualquer futuro que é o presente de todos os dias, como ensinavam os místicos do Budismo.
Imagem: Copyright - Little Explorers, by Lisa Holloway
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