Na construção e representação do belo, a pintura entre
Quatrocentos e Quinhentos trouxe uma evolução à ideia já existente da admiração
da beleza. Esta deixou de aparecer como uma representação das partes admiradas
para se constituir na Beleza supra-sensível. Essa beleza, ou esse sentido do
belo atingiria uma dimensão mais elevada. Essa natureza do belo estaria
presente nas figuras humanas, mas também na própria natureza. Uma das figuras
que ajudou a definir essa representação do belo, essa beleza supra-sensível foi
Marsílio Ficino, uma das figuras do neoplatonismo desenvolvido em Florença, na
2ª metade do século XV.
Fonte: História da Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa:Difel.
Imagem – Sandro Boticelli, Alegoria da Primavera, (pormenor),c.
1478, Florença, Uffizi.
A pintura entre Quatrocentos e Quinhentos propõe uma nova
concepção de beleza. Tenta ultrapassar a concepção de Beleza definida como
proporção e harmonia e tenta juntar a sabedoria dos clássicos, reordená-la
dentro de um sistema inteligível que seja portador do simbólico e harmonizá-la
com o imaginário cristão. É uma concepção do Belo assente num grande valor
simbólico.
Fonte: História da
Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa:Difel.
Imagem – Sandro Boticelli, Alegoria da Primavera, (pormenor),c. 1478, Florença, Uffizi.
Imagem – Sandro Boticelli, Alegoria da Primavera, (pormenor),c. 1478, Florença, Uffizi.
A Beleza
supra-sensível:
“Na verdade, não há beleza mais autêntica do que a sabedoria
que encontramos e amamos em qualquer indivíduo, prescindindo do seu rosto que
pode ser feio e, não olhando precisamente para a sua aparência, procuramos a
sua beleza interior. Mas, se ela não te comove a ponto de chamares belo a esse
homem, nem sequer olhando para o teu íntimo poderás perceber-te como coisa
bela. Nesta atitude, em vão a procurarás, porque estarias a procurá-la numa
coisa feia e não pura. Por isso, estes nossos discursos não se dirigem a todos;
mas lembra-te deles, se também tu te consideras belo”.
Plotino (século III), Enéades, V, 8
Imagem – Ticiano, Vênus de Urbino, 1538, Galeria de Uffizi,
Florença.
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