quarta-feira, 8 de março de 2017

Conteúdos na rede - A representação do belo - [1400/1500] (6)

Na construção e representação do belo, a pintura entre Quatrocentos e Quinhentos trouxe uma evolução à ideia já existente da admiração da beleza. Esta deixou de aparecer como uma representação das partes admiradas para se constituir na Beleza supra-sensível. Essa beleza, ou esse sentido do belo atingiria uma dimensão mais elevada. Essa natureza do belo estaria presente nas figuras humanas, mas também na própria natureza. Uma das figuras que ajudou a definir essa representação do belo, essa beleza supra-sensível foi Marsílio Ficino, uma das figuras do neoplatonismo desenvolvido em Florença, na 2ª metade do século XV.
Fonte: História da Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa:Difel.
Imagem – Sandro Boticelli, Alegoria da Primavera, (pormenor),c. 1478, Florença, Uffizi.

A pintura entre Quatrocentos e Quinhentos propõe uma nova concepção de beleza. Tenta ultrapassar a concepção de Beleza definida como proporção e harmonia e tenta juntar a sabedoria dos clássicos, reordená-la dentro de um sistema inteligível que seja portador do simbólico e harmonizá-la com o imaginário cristão. É uma concepção do Belo assente num grande valor simbólico. 
Fonte: História da Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa:Difel.
Imagem – Sandro Boticelli, Alegoria da Primavera, (pormenor),c. 1478, Florença, Uffizi.

A Beleza supra-sensível:
Na verdade, não há beleza mais autêntica do que a sabedoria que encontramos e amamos em qualquer indivíduo, prescindindo do seu rosto que pode ser feio e, não olhando precisamente para a sua aparência, procuramos a sua beleza interior. Mas, se ela não te comove a ponto de chamares belo a esse homem, nem sequer olhando para o teu íntimo poderás perceber-te como coisa bela. Nesta atitude, em vão a procurarás, porque estarias a procurá-la numa coisa feia e não pura. Por isso, estes nossos discursos não se dirigem a todos; mas lembra-te deles, se também tu te consideras belo”.
Plotino (século III), Enéades, V, 8
Imagem – Ticiano, Vênus de Urbino, 1538, Galeria de Uffizi, Florença.

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