terça-feira, 11 de abril de 2017

Conteúdos na rede - A representação do belo - [O século XVIII] (5)

Nem sempre o século XVIII e em todos os lugares houve essa abertura e essa consagração do belo entre o homem sensível e a representação da natureza. Em Inglaterra William Hogarth não seduziu a sua construção de um belo narrativo, ou de uma representação pouco interessada no aspetos de classicidade da aristocracia britânica. A arte por vezes cria frustrações nas expetativas de um público que a consome e que não se revê em determinados valores. Don Juan de Mozart que prenuncia o início de um outro mundo mental é ainda quando representado olhado com alguma distância. A burguesia nem sempre gostou de se ver no espelho, ainda que seja de um génio.

Fonte: História da Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa: Difel.
Imagem: William Hogarth, Os criados da casa Hogarth, 1750-1755, Tate Gallery, Londres.
#Arazãoeabeleza
#Obelocomorepresentação

O romance também deu conta do sentimento que  o século XVIII exprimiu. O diário íntimo
dará forma a esse sentimento, e lançará as sementes para o Romantismo. O romance do século XVIII avançará a ideia essencial para o futuro de que o sentimento não é uma perturbação criada pela mente, mas que é uma expressão da razão e da sensibilidade, o que revela ser um enriquecimento para a vida humana. O sentimento ao ser conquistado pela razão torna-se um elemento mediador de uma tirania que a razão poderia ter. Rousseau via no sentimento um antídoto para contrariar a beleza decadente e artificial e viu nele uma reconquista para o coração atingir uma beleza mais perfeita, mais íntima ou próxima da natureza.

Fonte: História da Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa: Difel.
Imagem: Jacques-Louis David, Retrato de Madame Récamier, 1800. Museu do Louvre, Paris.
#Arazãoeabeleza
#Obelocomorepresentação

Não é possível falar do século XVIII e da sua estética sem referir Immanuel Kant e a sua obra A Crítica da faculdade de Juízo, datada de 1790. Kant será o apogeu dos aspetos subjectivos ligado ao gosto que o século XVIII afirmou. A experiência estética do Belo, para Kant, revela uma natureza desinteressada. O Belo é algo que nos agrada de um modo desinteressado, sem que isso seja originado por um conceito. Assim, o gosto é uma faculdade humana que consegue julgar de um modo desinteressado um objeto, ou a sua representação, como é o caso da Arte. O prazer que uma representação nos dá através de um olhar é que é o belo. Assim a universalidade do belo torna-se um conceito subjetivo. Pode ser uma ideia inicial de um criador, mas não necessariamente terá de ser apreendido por um valor universal de natureza cognoscitiva.
Fonte: História da Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa: Difel.
Imagem: George Romney, Retrato de Lady Hamilton como Circe, c. 1782, Tate Gallery, Londres. 
#Arazãoeabeleza
#Obelocomorepresentação

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