Nem sempre o século XVIII e em todos os lugares houve
essa abertura e essa consagração do belo entre o homem sensível e a
representação da natureza. Em Inglaterra William Hogarth não seduziu a sua
construção de um belo narrativo, ou de uma representação pouco interessada no
aspetos de classicidade da aristocracia britânica. A arte por vezes cria
frustrações nas expetativas de um público que a consome e que não se revê em
determinados valores. Don Juan de Mozart que prenuncia o início de um outro
mundo mental é ainda quando representado olhado com alguma distância. A
burguesia nem sempre gostou de se ver no espelho, ainda que seja de um génio.
Fonte:
História da Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa: Difel.
Imagem: William Hogarth, Os criados da casa
Hogarth, 1750-1755, Tate Gallery, Londres.
#Arazãoeabeleza
#Obelocomorepresentação
#Obelocomorepresentação
O romance também deu conta do sentimento
que o século XVIII exprimiu. O diário
íntimo
dará forma a esse sentimento, e lançará as sementes para o Romantismo. O
romance do século XVIII avançará a ideia essencial para o futuro de que o
sentimento não é uma perturbação criada pela mente, mas que é uma expressão da
razão e da sensibilidade, o que revela ser um enriquecimento para a vida
humana. O sentimento ao ser conquistado pela razão torna-se um elemento
mediador de uma tirania que a razão poderia ter. Rousseau via no sentimento um
antídoto para contrariar a beleza decadente e artificial e viu nele uma
reconquista para o coração atingir uma beleza mais perfeita, mais íntima ou
próxima da natureza.Imagem: Jacques-Louis David, Retrato de Madame Récamier, 1800. Museu do Louvre, Paris.
#Arazãoeabeleza
Não é
possível falar do século XVIII e da sua estética sem referir Immanuel Kant e a
sua obra A Crítica da faculdade de Juízo, datada de 1790. Kant será o apogeu
dos aspetos subjectivos ligado ao gosto que o século XVIII afirmou. A
experiência estética do Belo, para Kant, revela uma natureza desinteressada. O
Belo é algo que nos agrada de um modo desinteressado, sem que isso seja
originado por um conceito. Assim, o gosto é uma faculdade humana que consegue
julgar de um modo desinteressado um objeto, ou a sua representação, como é o
caso da Arte. O prazer que uma representação nos dá através de um olhar é que é
o belo. Assim a universalidade do belo torna-se um conceito subjetivo. Pode ser
uma ideia inicial de um criador, mas não necessariamente terá de ser apreendido
por um valor universal de natureza cognoscitiva.
Fonte: História da Beleza. (2005).
Umberto Eco. Lisboa: Difel.
Imagem: George Romney, Retrato de
Lady Hamilton como Circe, c. 1782, Tate Gallery, Londres.
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#Obelocomorepresentação
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