O lado luminoso da
razão:
“[O homem que tem um
temperamento sanguíneo tem como predominante o sentimento do Belo]. (…) O seu
sentimento moral é belo, mas sem princípios, e depende sempre diretamente das
impressões imediatas que a realidade provoca nele. É amigo de todos os homens ou,
o que é a mesma coisa, nunca é verdadeiramente amigo, embora seja sempre
cordial e benévolo. Não sabe fingir: hoje entreter-se-á convosco com amizade e
maneiras corteses, amanhã, se estiverdes doentes ou vos encontrardes em
desgraça, sentirá sincera e autêntica compaixão, mas nestas circunstâncias
eclipsar-se-á pouco a pouco, até que as coisas tenham melhorado.
Nunca deve ser juiz
porque, normalmente, as leis são para ele demasiado severas e ele deixa-se
comover até às lágrimas. É um santo a meias, nunca verdadeiramente bom e nunca
verdadeiramente mau.”
Immanuel Kant,
Observações sobre o sentimento do belo e do sublime, II, 1764.
Imagem: Jean-Baptiste
Chardin, A mestra, 1737, Museu da Galeria Nacional da Irlanda.
#Arazãoeabeleza; #Obelocomorepresentação
O classicismo motivado por uma exigência de maior adesão à realidade elevou
o realismo das suas representações. O teatro tentou comprimir tempos e reduzir
os lugares, nesta ideia de fazer coincidir o mais possível o tempo cénico e o
do espetador. A Beleza construiu-se entre opostos, entre as referências do
classicismo e do anticlassicismo, entre um belo exuberante e um outro mais
estilizado, mais trágico. Racine foi um dos expoentes dessa construção de
simultaneidade de opostos.
Fonte: História da
Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa: Difel.
Imagem – Jean-Honoré
Fragonard, Coreso e Calliroe, 1760, Museu do Louvre, Paris.
#Arazãoeabeleza; #Obelocomorepresentação
Os palácios e os
jardins também contrapõem as ideias estéticas do neoclassicismo e do barroco
que o antecedeu. A arquitetura barroca surpreende, pois é feita de excessos,
de um assinalável conjunto de linhas curvas, de repetições de formas que são
quase redundâncias. Para o século XVIII essa noção de beleza parece-lhe
estranha, pouco interessante para servir de modelo. Os Ingleses e a sua
arquitetura deram-nos exemplos, de como mais do que criar ideias estéticas
novas, bastaria seguir os exemplos da natureza, refletir a sua Beleza. Ao
contrário do barroco, o Iluminismo não pretende encantar com excessos, antes dar uma
referência de harmonia, uma composição equilibrada dos cenários.
Imagem: Villa Chigi, 1680,
desenhado pelo Arquitecto Carlo Fontana (Estilo Barroco), Centinale, Toscania,
Itália
#Arazãoeabeleza; #Obelocomorepresentação
Sem comentários:
Enviar um comentário