terça-feira, 11 de abril de 2017

Conteúdos na rede - A representação do belo - [O século XVIII] (2)

O lado luminoso da razão:
“[O homem que tem um temperamento sanguíneo tem como predominante o sentimento do Belo]. (…) O seu sentimento moral é belo, mas sem princípios, e depende sempre diretamente das impressões imediatas que a realidade provoca nele. É amigo de todos os homens ou, o que é a mesma coisa, nunca é verdadeiramente amigo, embora seja sempre cordial e benévolo. Não sabe fingir: hoje entreter-se-á convosco com amizade e maneiras corteses, amanhã, se estiverdes doentes ou vos encontrardes em desgraça, sentirá sincera e autêntica compaixão, mas nestas circunstâncias eclipsar-se-á pouco a pouco, até que as coisas tenham melhorado.
Nunca deve ser juiz porque, normalmente, as leis são para ele demasiado severas e ele deixa-se comover até às lágrimas. É um santo a meias, nunca verdadeiramente bom e nunca verdadeiramente mau.”

Immanuel Kant, Observações sobre o sentimento do belo e do sublime, II, 1764.
Imagem: Jean-Baptiste Chardin, A mestra, 1737, Museu da Galeria Nacional da Irlanda.
#Arazãoeabeleza; #Obelocomorepresentação

O classicismo motivado por uma exigência de maior adesão à realidade elevou o realismo das suas representações. O teatro tentou comprimir tempos e reduzir os lugares, nesta ideia de fazer coincidir o mais possível o tempo cénico e o do espetador. A Beleza construiu-se entre opostos, entre as referências do classicismo e do anticlassicismo, entre um belo exuberante e um outro mais estilizado, mais trágico. Racine foi um dos expoentes dessa construção de simultaneidade de opostos.

Fonte: História da Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa: Difel.
Imagem – Jean-Honoré Fragonard, Coreso e Calliroe, 1760, Museu do Louvre, Paris.
#Arazãoeabeleza; #Obelocomorepresentação

Os palácios e os jardins também contrapõem as ideias estéticas do neoclassicismo e do barroco que o antecedeu. A arquitetura barroca surpreende, pois é feita de excessos, de um assinalável conjunto de linhas curvas, de repetições de formas que são quase redundâncias. Para o século XVIII essa noção de beleza parece-lhe estranha, pouco interessante para servir de modelo. Os Ingleses e a sua arquitetura deram-nos exemplos, de como mais do que criar ideias estéticas novas, bastaria seguir os exemplos da natureza, refletir a sua Beleza. Ao contrário do barroco, o Iluminismo não pretende encantar com excessos, antes dar uma referência de harmonia, uma composição equilibrada dos cenários.

Imagem: Villa Chigi, 1680, desenhado pelo Arquitecto Carlo Fontana (Estilo Barroco), Centinale, Toscania, Itália
#Arazãoeabeleza; #Obelocomorepresentação

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