O século XVIII fez avançar a razão. Mas ela, como Kant o pressentiu tinha
no su inetrior elementos não racionais, aquilo que ele designou “A beleza
vaga”, aquilo que se integra no abstrato, e que se distingue da “Beleza
aderente”. Aquilo que o século XVIII nos faz interrogar é essa dicotomia entre
o intelecto que assume uma forma de “sentir”, como num quadro de Watteau e um
outro “sentir” adjacente à razão e permeável à gentileza. Este belo, dividido
entre o intelecto e a razão introduzem-se no campo da imaginação, naquilo que a
moral consegue definir. A superação desta divisão será feita por Kant com o seu
conceito de sublime e será explorada pelo Romantismo com a sua exploração do
conceito da “Beleza vaga”.
Fonte: História da Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa: Difel.
Imagem: Jean-Antoine Watteau, A canção do amor, 1710-1720, Tate Gallery,
Londres.
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#Obelocomorepresentação
Kant reconheceu na natureza um poder ilimitado e uma ideia de infinitude.
Kant reconhecia-lhe uma confiança que transmitia um valor de positividade,
valor que não era demonstrável, mas que conduziria ou influenciaria o homem
para uma ideia de progresso humano. Mas a natureza era também uma fonte de
limitação à vida e por isso essa harmonia não era susceptível de se tornar uma
emoção universal. Na verdade o Sublime, estádio superior do Belo é o reconhecimento de uma dimensão muito
importante da razão humana, a sua independência em relação à Natureza, pela
descoberta de uma faculdade ligada à experiência do sensível.
Fonte: História da Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa: Difel.
Imagem: Angelica Kauffmann, Auto.-retrato com o busto de Minerva, c. 1770,
Uffizi, Florença.
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A Beleza também pode ser cruel e tenebrosa. É ainda Kant que o definiu. Nós
temos uma razão que é independente da natureza e temos uma necessidade de
encontrar uma fé nessa Natureza. A nossa razão pode desmaterializar um objecto
compreendido e transformá-lo num conceito, ou ainda pode tornar-se independente desse conceito.
Dentro deste quadro, não poderão as coisas,as pessoas, a sociedade
transformar-se num corpo manipulável? Assim, como se pode impedir as formas e
os conceitos de planear o mal e a própria destruição da vida? Assim a Beleza pode ser uma máscara, atrás da qual se encontram os lados tenebrosos.
Fonte: História da Beleza. (2005). Umberto Eco. Lisboa: Difel.
Imagem: Grancisco Goya y Lucientes, O sono da razão gera monstros,
1797-1798, Kusthalle, Hamburgo.
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