terça-feira, 5 de abril de 2016

O valor das Humanidades (II)

As Humanidades e as Ciências. Pensemos primeiro nas Ciências. Estas mostram-nos tudo o que aconteceu, o que acontece seguindo determinados padrões de autenticidade. Todos esses padrões podem ser verificados empiricamente, não podendo ser atingidos com outros procedimentos. 
Olhemos agora, um pouco para as Humanidades.
Estas são como o próprio nome indica parte do ser humano e manifesta-se no seu desejo de criar a beleza e elevar o seu espírito. São estas que caracterizam o Homem, constituem o que podemos chamar, "O incomensurável". Isto é, algo que o coração procura para se sentir completo, pois o "medível", ou seja o conhecimento científico, não basta para o satisfazer.
Assim, as Artes, a música, a pintura, a leitura... qualquer uma são expressões de formas de pensar e de sentir de pessoas. Essa possibilidade concede a cada um de se envolver nessa expressão, de se integrar em formas de vida únicas que escapam à própria realidade. Sabemos que as Humanidades têm vindo a perder importância na sociedade global.
Os factores económicos, a rentabilidade profissional, a dinâmica social fez perder importância aos estudos humanísticos. A leitura é um dos casos que ilustra esta evolução.
O livro é um objecto em desvalorização. O digital tem ajudado a esta perda de valor do livro em suporte em papel. Imagina-se que o acesso com novas tecnologias produzirá os mesmos efeitos. Não é verdade.
Umberto Eco explicou-nos que um livro em suporte de papel é para ler no sentido de aprender, um Tablet pesquisa-se informação, não se lê aí no sentido mais particular do termo. No livro podemos sentir a textura de cada página, cheirar cada folha, deixar nele as nossas memórias visuais, absorver as palavras e lembrar os tempos dessa memória. A leitura no suporte de papel devolve-nos de modo mais fidedigno a essência das palavras deixadas no leitor. A diminuição da importância das Humanidades é de algum modo o fim deste universo. Pensemos na questão, o que seria o mundo, com estudos humanísticos desvalorizados?
Seria um mundo sem sentido, o nosso sentido, aquilo com que sentimos o que nos rodeia. Um mundo com falta de curiosidade, com menos energia para alimentar a imaginação. Assim, penso que posso concluir dizendo que as Humanidades não nos podem ser indiferentes, pois ao contrário das Ciências permitem imaginar mundos, acima do "como", o real como ele existe. A desvalorização das Humanidades é a desvalorização do elemento humano nas sociedades, é a desvalorização da essência mais vital do Homem.

Catarina Ventura, 10ºC1
Imagem - Fragmentos de João Legnano (1383) 
Jacobello dalle Masegne - Museu de Bolonha

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