Como se obtém a capacidade de construir um pensamento e interrogar o que nos rodeia? É possível nascer como filósofo ou aprende-se com o tempo, com o que estudamos, com a experiência do que vamos tendo na vida? Se todos poderemos ser filósofos, porque alguns deixam de o ser ao longo da vida? Michel Onfray dá-nos algumas pistas.
Vejamos o que ele nos diz nesta entrevista:
Vejamos o que ele nos diz nesta entrevista:
Penso
realmente que nós nascemos filósofos e só alguns o continuam a ser. Há uma
grande razão nas crianças que perguntam "porquê". Querem saber.
Por que é que a noite é negra, por que é que a água molha, ou por que é que as pessoas
morrem. As crianças colocam grandes questões de Ontologia, de Metafísica, de
Filosofia.
E muitas vezes os pais renunciam a responder porque não têm, forçosamente, os meios intelectuais, ou o tempo. Por vezes dizemos: não sei, mas
vamos encontrar numa biblioteca, vamos procurar num livro. Depois, há um
momento, em que as pessoas acabam por renunciar a responder às questões. E
desde que se entra na escola, pede-se que cada um responda a questões que nunca nos foram colocadas.
E dizem-nos: agora, se quiseres ser um bom aluno deves saber
qual é o PIB de um país qualquer. Naturalmente ninguém é levado a colocar-se essa questão. Aprendemos na escola, coisas muitas vezes, pouco significativas. Dizem-vos: as
questões que te colocaste cessa de as colocar. Em troca aprende as respostas a
questões que tu raramente te colocas.
Efetivamente isso desespera um certo número de
indivíduos e alguns resistem a isso. E esses que resistem a isso, dizem:
- Eu persisto com as minhas questões, eu quero as minhas respostas. Vou procurá-las. Ora bem, esses são os naturais filósofos. E de seguida, podem tornar-se filósofos de profissão porque terão aprendido na Universidade. E colocarão as questões, quem pensou o quê, quando, como, de que forma. E depois disso, um dia talvez, uma destas pessoas que exerceu o pensamento, que se questionou possa escrever livros de Filosofia, possa ser um Filósofo no sentido académico porque se pôs a questão fundamental: o questionamento do sentido da vida.
- Eu persisto com as minhas questões, eu quero as minhas respostas. Vou procurá-las. Ora bem, esses são os naturais filósofos. E de seguida, podem tornar-se filósofos de profissão porque terão aprendido na Universidade. E colocarão as questões, quem pensou o quê, quando, como, de que forma. E depois disso, um dia talvez, uma destas pessoas que exerceu o pensamento, que se questionou possa escrever livros de Filosofia, possa ser um Filósofo no sentido académico porque se pôs a questão fundamental: o questionamento do sentido da vida.
Michel Onfray, La Grande Librairie. Magazine Littéraire. TV5. 2013.
Imagem, O pensador de Rodin.
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