quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Começar...

Diz-me se
na água reconheces o rumor
adormecido dos búzios

Diz-me se o outono tem
a ver com as algas
com a incerteza das folhas

e se há um sentido oculto

no rodar das estações




Diz-me se

toda a imagem é engano
ou filha enjeitada
do fogo

Diz-me se é certo

que o tempo
é um único olhar
prolongado nos dias

se a vida é o avesso da vida

e se há morte (1)


Os espaços mentais onde habitamos fazem-nos construir um sentido da realidade, uma fracção de tempo onde vivemos as nossas projecções do que julgamos conhecer. As ideias são a ferramenta para descobrir universos e para integrarmos as sombras que se escondem em cada passo na manhã do olhar. 

Muitos, ao longo de séculos perseguiram uma luz que iluminasse um sentido da vida ou que apenas desse sinais capazes de reformular as linhas ausentes. Essa busca, esse olhar pelo inteligível que tenta formular os fundamentos do Universo nos Gregos ou tão só a ideia de Descartes de conhecer amplamente o que conhecemos é a procura pelo sagrado/divino que cada Homem procura encontrar.

É desse resgate da luz, fundamento de mundos iluminados que a Filosofia como disciplina de ideias procura. É desse encontro com a nossa essência humana, os nossos percursos de palavras e ideias que ela se alimenta como uma forma de deslumbramento na própria experiência do mundo.


Esta página digital procurará reconhecer os ecos ocultos que nos chegam das ruas onde inventamos os nossos nomes. O sentido do exercício da liberdade enuncia-se na descoberta de todas as instâncias, entre as palavras que podem abalar o sentido formal dos universos. 

(1) José Tolentino Mendonça. (2010). "O olhar descoberto". A noite abre meus olhos. Assírio e Alvim, p. 18.
Imagem - Copyright: Julie de Waroquier


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