Diz-me se
na água reconheces o rumor
adormecido dos búzios
Diz-me se o outono tem
a ver com as algas
com a incerteza das folhas
e se há um sentido oculto
no rodar das estações
Diz-me se
toda a imagem é engano
ou filha enjeitada
do fogo
Diz-me se é certo
que o tempo
é um único olhar
prolongado nos dias
se a vida é o avesso da vida
e se há morte (1)
Os espaços mentais onde habitamos fazem-nos construir um sentido da realidade, uma fracção de tempo onde vivemos as nossas projecções do que julgamos conhecer. As ideias são a ferramenta para descobrir universos e para integrarmos as sombras que se escondem em cada passo na manhã do olhar.
na água reconheces o rumor
adormecido dos búzios
Diz-me se o outono tem
a ver com as algas
com a incerteza das folhas
e se há um sentido oculto
no rodar das estações
Diz-me se
toda a imagem é engano
ou filha enjeitada
do fogo
Diz-me se é certo
que o tempo
é um único olhar
prolongado nos dias
se a vida é o avesso da vida
e se há morte (1)
Os espaços mentais onde habitamos fazem-nos construir um sentido da realidade, uma fracção de tempo onde vivemos as nossas projecções do que julgamos conhecer. As ideias são a ferramenta para descobrir universos e para integrarmos as sombras que se escondem em cada passo na manhã do olhar.
Muitos,
ao longo de séculos perseguiram uma luz que iluminasse um sentido da vida ou
que apenas desse sinais capazes de reformular as linhas ausentes. Essa busca,
esse olhar pelo inteligível que tenta formular os fundamentos do Universo nos
Gregos ou tão só a ideia de Descartes de conhecer amplamente o que conhecemos é
a procura pelo sagrado/divino que cada Homem procura encontrar.
É
desse resgate da luz, fundamento de mundos iluminados que a Filosofia como
disciplina de ideias procura. É desse encontro com a nossa essência humana,
os nossos percursos de palavras e ideias que ela se alimenta como uma forma de
deslumbramento na própria experiência do mundo.
Esta página digital procurará reconhecer os ecos ocultos que nos chegam
das ruas onde inventamos os nossos nomes. O sentido do exercício da liberdade enuncia-se na descoberta de todas as instâncias, entre as palavras que
podem abalar o sentido formal dos universos.
(1)
José Tolentino Mendonça. (2010). "O olhar descoberto". A
noite abre meus olhos. Assírio e Alvim, p. 18.
Imagem - Copyright: Julie de Waroquier
Imagem - Copyright: Julie de Waroquier
Sem comentários:
Enviar um comentário